Faia antiga, freguesia do concelho de
Sernancelhe, distrito de Viseu, diocese de Lamego ficava situada na
margem esquerda do Távora. Tinha 95 fogos e cerca de 300 habitantes; o
orago era S. Martinho. |
Este pequeno aglomerado habitacional
estendia-se desde o Oitão (ao norte) até à encosta do monte do Senhor da
Aflição (ao sul).
A nascente ficava-lhe a alta encosta, acidentada e pitoresca, que do rio
se elevava até Fonte Arcada; a ocidente e a sul, pequenas colinas,
erguidas um pouco acima dos vales que as rodeavam, sucediam-se até ao
sopé dos altos montes, que abrigavam a povoação, já fora do seu limite.
A Faia ficava na parte baixa do concelho, ao abrigo dos montes (condição
favorável para uma cera moderação do clima, no Inverno). As águas do
Távora e dos seus afluentes e a verdura do arvoredo, amenizavam as
temperaturas elevadas, no Verão.
Extensa várzea rodeava a povoação e a vegetação exuberante e policroma revestia o vale.
mas a Faia não pertenceu sempre ao concelho de Sernancelhe; numa "rellação
das notícias... de 28 de Mayo de 1758" pode ler-se: |
 |
"Caria comarca de Lamego...
O termo desta villa compreende vinte e dois
lugares, que são, a villa de Caria, Mileu, Villa Cova, Villa Chan,
Granja de Paiva, Rua, Prdo de cima, Prado de baixo, Granja de oleiros,
Vide, Aldea de Nacomba, Arcuzelo da Torre, Arcuzelo do cabo, Pontão,
Faya, Penço, A debarros, Segois, Lamosa, Carregal, Tabosa, Frca que hoje
chamam Aldea de Santo Estevão. Todas estas povoaçõens, estão repartidas
em nove freguezias, cujas cabeças são Caria que he a cabeça do Concelho,
Rua, Arcuzelo do cabo, Faya, Penço, Aldea de Nacomba, Carregal, Segois e
Lamosa,..." (Dicionário Geográfico de Portugal, vol. IX C.2)
Sabe-se, pois, que em 1758 era uma freguesia e pertencia ao "termo da
villa de Caria". |
Caria deve ter sido uma povoação romana, de
certa importância; têm-se encontrado numerosas inscrições nos seus arredores, dedicadas aos imperadores Marco Aurélio e Antonino. Na
capela de S. João existia uma lápide com um epitáforo do qual constava que " Amanda serva de Cristo, falecera em
paz no ano do Senhor de 586, o que indica a
existência de um cemitério e de povoados cristãos anteriores à invasão
árabe". (Grande Encicolpédia Portuguesa-Brasileira, vol. V, p. 922)
O concelho de Caria, que foi extinto em 24 de Outubro de 1855, já
existia em 1258, porque nessa data "...foi assinada, na Trapa, por D.
Afonso III, uma sentença pela qual é condenado Pedro Anes e sua mulher
D. Urraca, filha do mesmo rei, a repararem os graves danos que
causaram ou mandaram fazer no concelhe de Caria" (Moreira: 1929, p.
117).
Mas quanto à data da formação das freguesias deste concelho, nada se
sabe. |
 |
Existe notícia num documento de 1382, que pertenceu ao cartório do
mosteiro de S. João de Tarouca, em que se lê: "Emprezamos a vós, Fr.
Pedro Affonso, Freire da Ordem de Jesu Christo, e a Thereja Peres vossa
Chaveira, a nossa quinta da Lagôa em terra de Caria" (Vasconcelos, p.
268). |
|